segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

JURO NUNCA ME RENDER!!!

DE Armindo Rodrigues (1904-1993), poeta injustamente esquecido

Deixo-vos um poema que é também um lema...

Juro nunca me render

Pela minha terra clara
e o povo que nela habita
e fala a lingua que eu falo,
juro nunca me render

Pelo menino que fui
e o sossego que desejo
para o velho que serei,
juro nunca me render

Pelas arvores fecundas
que nos dão frutos gostosos
e as aves que nelas cantam,
juro nunca me render.

Pelo céu que não tem margens
e as duas nuvens boiando
sem remorso nem receio,
juro nunca me render

Pelas montanhas e rios
e mares que os rios buscam,
com o seu murmúrio fundo,
juro nunca me render
...

Pelas lágrimas dos pobres
e o pão escasso que comem
e o vinho rude que bebem,
juro nunca me remder.

Pelas prisões em que estive
e os gritos que lá esmaguei
contra as mão enclavinadas,
juro nuna me render

Por meus pais e meus avós
e os avós dos avós deles,
com o seu suor antigo,
juro nunca me render

Pelas balas que vararam
tantos peitos de homens justos
por amarem muito a vida,
Juro nunca me render

Pelas esperanças que tenho,
Pelas certezas que traço
Pelos caminhos que piso,
juro nunca me render.

Pelos amigos queridos
E os companheiros de ideias
Que são amigos também,
juro nunca me render.

Pela mulher a quem amo,
Pelo amor que me tem,
Pela filha que é dos dois,
Juro nunca me render

E até pelos inimigos,
que odeiam a liberdade
e por isso não são livres,
juro nunca me render.