Uma das mensagens que este governo e a “troika” FMI-BCE-CE que o controla, assim como os seus
defensores nos media, têm procurado fazer passar junto da opinião publica é a da credibilidade técnica, e
que a situação em Portugal é diferente da Grécia. Em relação à insensibilidade social do duo governotroika,
são tais as malfeitorias que têm feito ou pretendem fazer em relação aos rendimentos de trabalho e
de pensões que mesmo os seus defensores mais empedernidos nos media mantém-se mudos.
No entanto, é suficiente uma análise comparativa dos documentos produzidos por este governo e pela
“troika” FMI-BCE-CE para mostrar que, à semelhança do que acontece na Grécia, em Portugal também já
mudam continuamente as medidas e as estimativas, e sempre para pior porque as anteriores já não são
suficientes. As diferenças que se verificam nos diferentes documentos do duo governo/troika -
“Memorando de entendimento”, Documento de Estratégia Orçamental 2011-2015, Grandes Opções do
Plano 2012-2015, e proposta de Orçamento de Estado para 2012 do governo/troika – produzidos num
curto período de tempo são tão grandes que não merecem qualquer credibilidade.
Em Maio de 2011, a “troika” FMI-BCE-CE impõs a Sócrates e aos partidos PS-PSD-CDS, que também
assinaram, o “Memorando de entendimento” em que previa que, em 2012, a consolidação orçamental
exigiria uma redução da despesa pública estimada em 4.506 milhões €, e um aumento de receita, através
da subida de impostos, em 1.535 milhões €. Em Agosto de 2011, portanto apenas 3 meses depois, o
governo PSD/CDS divulgou o seu “Documento de Estratégia Orçamental para 2011-2015”, em que já
afirmava que seria necessário reduzir a despesa pública, em 2012, em 5.097 (+ 591 milhões euros que o
previsto no “Memorando”) e aumentar as receitas, através da subida de impostos, em 2.714 milhões
euros (+1.179 milhões de euros que o previsto pela “troika”). Em 13 de Outubro de 2011, o governo
entregou aos parceiros sociais, na concertação social, as “Grandes Opções do Plano para 2012-2015” em
que afirmava que, em 2012, a redução da despesa pública teria de ser de 5.089 milhões € e o aumento
de receita, através da subida de impostos, seria de 2.714 milhões €. Mas em 17 de Outubro de 2011, ou
seja, 4 dias depois, o governo e a “troika” FMI-BCE-CE divulgaram a sua “Proposta de Orçamento de
Estado para 2012”, onde todas estas entidades “dão o dito por não dito” pois apresentaram um
documento que nada tem a ver com os documentos e previsões que elaboraram e divulgaram
anteriormente. Agora é já necessário que, em 2012, a despesa pública seja reduzida em 7.460 milhões €
(mais 2.954 milhões € de redução na despesa que a prevista no “Memorando”, e mais 2.363 milhões
euros de redução de despesa que o previsto nos documentos do governo), e que a receita aumente,
através da subida de impostos, em 2012, em 2890 milhões € (+1.355 milhões € que o previsto no
“Memorando”, e mais 176 milhões € do que o previsto no documento anterior do governo).
Perante estas mudanças frequentes de medidas num período de tempo tão curto (entre Maio e Outubro
de 2011) e estas diferenças tão grandes de valores, as perguntas que imediatamente se colocam são as
seguintes: Que credibilidade técnica merecem este governo e esta “troika” que mudam de medidas e de
estimativas em períodos que chegam a atingir apenas 4 dias e em valores tão elevados ?
( texto de Eugénio Rosa , de 21 de Outubro)
De fato estamos a falar de verbas quase o dobro...Aconselhamos sempre e regularmente uma leitura ao blog do Eugénio Rosa, onde aparecem informações que são importantes e permitem tirar conclusões. è um dos poucos economistas fora da lógica vigente