Crise capitalista
Alemanha a caminho da recessão
Crise começa a atingir o coração da zona do euro
Porto de Hamburg. Exportações alemãs tiveram queda de 1,1% em maio.
Já faz algum tempo que a Alemanha se transformou numa espécie de lavanderia onde os recursos que migram dos países mais afetados pela crise, são remunerados com taxas de juros baixíssimas e voltam aos países de origem, sob a forma de empréstimos bancários concedidos em cima de taxas muito superiores. O problema tem sido que, para manter o mecanismo funcionando e evitar as enormes perdas derivadas de uma bancarrota, iminente no próximo período, o imperialismo alemão tem aumentado o contágio doméstico. A última grande movimentação nesse sentido foi ter colocado recentemente 80% do sistema financeiro da zona do euro sob o controle direto do BCE (Banco Central Europeu), o que, evidentemente, implica em aumentar o grau de podridão interno da economia para evitar o colapso de países com potencial altamente explosivo, como a Espanha e a Itália.
A intenção inicial do BCE era passar a controlar de maneira direta todos os bancos europeus, mas isso não conseguiu ser efetivado devido principalmente ao altíssimo grau de podridão dos bancos locais, dos Lands.
Os grandes bancos alemães se encontram tremendamente expostos aos títulos podres europeus. O Deutsche Bundesbank (banco central alemão) se encontra altamente expostos aos títulos do BCE, por controlar o grosso dos ativos. O BCE passou a deter, de maneira crescente, títulos podres devido aos empréstimos concedidos aos bancos centrais e privados dos países mais endividados, dos quais tem aceitado como fiança títulos cada vez mais podres. Os bancos alemães são dos mais alavancados (uso de recursos de terceiros) do mundo.
O Commerzbank detém quase 1 € trilhão em títulos dos países chamados PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), altamente podres e que se tornam facilmente fumaça no caso de bancarrotas, como mostrou o caso da Grécia.
O Deutsche Bank detém em valores nominais de derivativos financeiros nada menos que US$ 50 trilhões, o que equivale a 20 vezes o PIB alemão, uma situação muito parecida com a que levou o Lehman Brothers a detonar o colapso capitalista de 2008. Os bancos europeus, de conjunto, têm um nível de 220 trilhões de dólares em derivados financeiros (CDO e CDs), em valores nominais.
Entre 2008 e 2011, o Deutsche Bank realizou empréstimos ao banco italiano Monte dei Paschi dei Siena e ao Banco do Brasil, somando € 2,7 bilhões. Operações similares aconteceram com o banco franco belga, falido há dois anos, Dexia Bank, o Hellenic Postbank da Grécia e o banco do Qatar AL Khaliji, entre outros. Esses empréstimos fazem parte dos quase € 350 bilhões que o Deutsche Bank mantém como passivo, devido ao alto risco de calote.
O Banco Central Europeu (BCE) está com taxas de juros abaixo de zero para evitar a quebra desses bancos. Dessa maneira, estimula-se a captação de recursos a baixo custo para aplicá-los a seguir em transações especulativas, onde os rendimentos são muito maiores. A mesma situação acontece com os demais bancos imperialistas em escala mundial. Da mesma maneira, para viabilizar lucros com esse volume gigantesco de títulos especulativos, tem sido impulsionado o mercado de títulos altamente podres, apesar dos rendimentos terem caído em três vezes.
A “saída” do imperialismo é aplicar mais neoliberalismo contra as massas, repassando os custos da crise para os trabalhadores. Para isso, a burguesia já começou a impulsionar a extrema-direita na Europa, para conter as massas por meio de regimes de força.
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