quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Poema da morte aparente, António Gedeão

Nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora,
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles,
parecia-lhes a vida podre e reles
e suspiravam por viver agora.
 
 
A suspirar e a protestar morreram.
E agora, quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram,
tão brancos como se as dentaduras fossem novas.
(António Gedeão, Obra Poética)
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário