Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, dera o mote uns minutos antes para atacar o projecto europeu, “a UE cor-de-rosa à beira de eleições para o seu parlamento”. Sem ilusões, disse o líder comunista, é uma União de “políticas e políticos siameses, dos senhores Dupond & Dupont”. Mas foi o protagonista da noite, João Ferreira, quem concretizou a dureza dos ataques. Se a saída do euro não nos leva já “ao ponto de partida” e muito menos ao ponto onde estaríamos se nunca tivéssemos dado esse passo, temos de prepará-la.
Um ajuste de contas com a adesão de Portugal à União Europeia (UE) e à moeda única. Foi assim que foi apresentada esta segunda-feira a candidatura da CDU às eleições europeias, marcadas para 25 de Maio, e protagonizada pelo actual eurodeputado João Ferreira.
No salão Europa do Hotel Altis, habitual quartel-general dos socialistas para semelhantes ocasiões, o cabeça de lista comunista, que é também vereador na câmara municipal de Lisboa, denunciou a “incompatibilidade radical” entre a permanência de Portugal no euro e um projecto de desenvolvimento democrático, nomeadamente, fundamentado na Constituição.
Resumindo, foi tudo um erro. A adesão de Portugal à UE e, mais tarde, ao euro. Um processo que foi “injusto e desigual”, que configurou “uma década perdida” cheia de promessas de crescimento e emprego nunca cumpridas. As políticas em nome de um futuro promissor que nunca chegou. “Quem não se lembra da justificação para os sacrifícios então já impostos em nome da entrada no euro? Lembram-se do pelotão da frente?”, questionou o eurodeputado comunista a uma sala cheia. Na plateia estavam todos os deputados do partido, Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, ou Bernardino Soares, actual presidente da autarquia de Loures.“É hoje evidente que a integração de Portugal na União Económica e Monetária e a adesão ao euro foram decisões erradas, com consequências devastadoras para o nosso país. Como é evidente que o futuro do país é inviável dentro do euro”, disse. Fazendo, em paralelo, o diagnóstico de que o país deve agora preparar a sua saída. Porque pode suceder uma “reconfiguração” da própria zona euro ou “por decisão e interesse próprios”.
O candidato da coligação defendia assim que o país deve preparar um "conjunto amplo de medidas" que incluam a renegociação da dívida, o aumento da produção nacional e a recuperação para a alçada do sector público de sectores-chave para a economia. Além da reposição dos salários e das pensões.
O partido tem dois deputados em Bruxelas,. Esta segunda-feira João Ferreira pediu reforços para a CDU, “a mais sólida garantia de rejeição deste caminho e de afirmação de um rumo alternativo”. Fê-lo também Heloísa Apolónia, a deputada do PEV, que elogiou a candidatura como a única que parte para estas eleições sem “gaguejar”. Porque a CDU, disse também, foi única força política que alertou para o facto de este modelo europeu não ser o “paraíso” anunciado pelo PS, PDS e CDS. Os três, acrescentou, devem ser penalizados com “um recado sério” nas eleições de Maio
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