Um grupo de cidadãos, incluindo investigadores e artistas, convocou para este sábado, dia 15 de Setembro, uma manifestação contra a “austeridade que nos impõem e que nos destrói a dignidade e a vida”. Em Lisboa, o ponto de encontro será às 17h, na praça José Fontana. No entanto, em outras zonas do país como Porto, Vila Real de Santo António e Funchal também estão marcadas as primeiras mobilizações contra a austeridade, depois das últimas medidas anunciadas por Passos Coelho.
Num comunicado assinado por 30 pessoas, onde se destacam nomes como o músico António Pinho Vargas, a actriz São José Lapa, a poetisa Margarida Vale de Gato e o dramaturgo e encenador Tiago Rodrigues, o grupo apela às pessoas a sair à rua. “É preciso tomar as ruas e as praças das cidades, das nossas cidades e dos nossos campos. Juntar as vozes, as mãos. Este silêncio mata-nos”.
Segundo o mesmo documento, em causa está “a aplicação de medidas políticas devastadoras que implicam o aumento exponencial do desemprego, da precariedade, da pobreza e das desigualdades sociais, a venda da maioria dos activos do Estado, os cortes compulsivos na segurança social, na educação, na saúde, na cultura e em todos os serviços públicos”.
Ao i, Luís Bernardo, ex-jornalista e um dos responsáveis pelo manifesto de convocação explica que “esta manifestação surge no seguimento da quinta avaliação da troika. Entendemos que, tendo em conta que todas as projecções das três instituições que compõem a troika se revelaram não só erróneas mas até ofensivas à inteligência de todo o povo português, estava na hora de mandarmos uma mensagem aberta pluralista a toda a gente que se queira juntar a nós na rua e protestar contra este ataque ao nosso modo de vida”, refere.
A página deste grupo no Facebook tem já confirmadas mais de 10 mil pessoas para a mobilização de 15 de Setembro, em Lisboa: “Nós sabemos que é complicado definir expectativas e ter uma análise prospectiva do número de pessoas que sairão à rua, porque nós sabemos que o clima de medo que se instalou é de tal ordem que muita gente não só estará amedrontada como não acreditará que é com este tipo de mobilização que as coisas se solucionam”, diz.
Além deste grupo, são também vários os movimentos já constituídos que irão marcar presença na manifestação de 15 de Setembro, como a Associação de Combate à Precariedade (Precários Inflexíveis), os Indignados, a Plataforma 15 de Outubro e os Anonymous.
“Vamos participar convictamente na manifestação em Lisboa e apelaremos à participação de todas as pessoas. Faremos a melhor divulgação como temos feito até aqui e aconselharemos todas as pessoas a participar, porque não só concordamos com os objectivos da manifestação e com o apelo que foi feito, como achamos que é preciso uma resposta decidida da sociedade portuguesa tendo em conta a situação que estamos a viver, em particular desde que foi feito o anúncio de mais medidas de austeridade”, diz ao i Tiago Gillô, da Associação de Combate à Precariedade (Precários Inflexíveis). “Existe hoje uma tentativa de implementar um novo regime social, baseado na precariedade, no desemprego e na pobreza. Os Precários não podem aceitar isso e esperamos que toda a sociedade portuguesa no seu conjunto se mobilize para exigir um outro caminho, para exigir outras soluções”, refere ainda. Para Tiago Gillô, o dia 15 de Setembro pode ser um ponto de partida para um novo ciclo: “Vivemos num momento de urgência e esta manifestação responde bem a esse momento. Que termine com este ciclo que não é só de austeridade, é de autoritarismo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário