A poesia vai acabar, os
poetas
vão ser colocados em lugares mais
úteis.
Por exemplo, observadores de
pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem).
Esta certeza tive-a hoje
ao
entrar numa repartição
pública.
Um senhor míope atendia
devagar
ao balcão; eu
perguntei:
"Que fez algum poeta por este
senhor?"
E a pergunta afligiu-me
tanto
por dentro e por fora da cabeça
que
tive que voltar a
ler
toda a poesia desde o princípio do
mundo.
Uma pergunta numa
cabeça.
– Como uma coroa de
espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer
chegar? –
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