domingo, 1 de janeiro de 2012

Jornal A Bola prestou homenagem a Alves Redol... e os outros jornais?

Selo e carimbo comemorativos do Centenário do Nascimento de Alves Redol (foto ASF)
100 anos do escritor Alves Redol
Por Bruno Abreu

«Mens sana in corpore sano», mente sã em corpo são, traduzido do latim, poderia ser a máxima aplicada a Alves Redol: escritor, jornalista e desportista. Esta última foi a única das actividades que abandonou, tudo por culpa da malária, contraída em Angola, onde jogou basquetebol, que quase o matou. Perdeu-se o desportista mas ganhou-se um escritor que ficou para a história. Cem anos após o seu nascimento, a 29 de Dezembro de 1911, foi recordado na sua Vila Franca de Xira natal, num museu criado à sua imagem, a de neo realista.

Pelas ruas da cidade ribatejana ecoavam os toques da banda de música do Ateneu Artístico Vilafranquense. As marchas intrigaram aqueles que, ao fim da tarde, saiam dos seus empregos. «Porque saiu à rua e porque toca a banda?», perguntaram alguns. A arruada foi a forma que a Câmara Municipal arranjou de chamar atenção no centenário de tal ilustre figura. Nascido numa altura em que Vila Franca de Xira ainda era mesmo uma vila, Alves Redol foi um transmissor da cultura ribatejana. Com isso em mente, a cerimónia de comemoração do seu centenário foi palco da reedição do Cancioneiro do Ribatejo, obra de Redol em que o escritor, em colaboração com familiares e amigos, recolheu os mais diversos contos tradicionais da região.

«O Museu do Neo Realismo é o local certo para apresentar o livro e uma forma de honrar Alves Redol no seu aniversário», explicou David Silva, director do museu, a um auditório cheio para quem quis estar presente na comemoração da efeméride de tão importante vilafranquense.

O Cancioneiro do Ribatejo foi agora editado pela segunda vez, 61 anos após o original. «É uma edição facsimile da obra. É um livro que fazia falta: começou a ser feito em 1938, com a redacção do primeiro conto, mas só foi editado em 1950», contou a A BOLA António Redol, filho do escritor, que afirmou de imediato: «Li o especial de duas páginas de hoje [ontem] sobre o meu pai», referindo-se ao artigo do jornal de ontem sobre a entrevista dada por Alves Redol em 1947.

Antes dos livros, o desportista
A vida de Alves Redol cruza-se muitas vezes com o desporto. Foi atleta de futebol, natação, de basquetebol – chegou a explicar na tal entrevista a A BOLA porque actuou e capitaneou a equipa do Sporting Clube de Luanda, sendo ele benfiquista – e fundou o Goal, semanário desportivo ribatejano.

«Era um grande exemplo. Trabalhou muito e esforçou-se muito e esse ensinamento foi o que de mais precioso nos deixou: tentar fazer como ele», conta o filho, que não deixa de se emocionar sempre que assiste a uma homenagem ao pai. «Era um homem que achava que a cultura não se devia desligar do desporto. Ao contrário de muitos desportistas que descuram a cultura, ou de intelectuais que não querem saber do desporto. Para ele era mente sã em corpo são, e fez por ensinar isso», acrescenta.

Foi após ter sido obrigado a abandonar o desporto que se dedicou mais à escrita e aos romances. Apesar disso, nunca abandonou o desporto e já no Sport Lisboa e Vila Franca de Xira acompanhou a equipa de futebol sénior em digressões
 
nota de tripalio: com exepção do Avante , da RTP2, o esquecimento foi um pouco geral...de propósito ou devido à comunicação social de ignorantes que temos!

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