quarta-feira, 31 de julho de 2013

Férias pagas, um direito recente... relembremos 1936!

1936 foi um ano conturbado em França, com o ascenso do fascismo e uma forte resistência popular e da esquerda. A 3 de Maio a Frente Popular, coligação da esquerda, ganha as eleições. A Frente Popular era composta pela SFIO (Secção Francesa da Internacional Operária, partido antecessor do PS francês), pelo PCF e pelo Partido Radical (um partido centrista), incluindo ainda outros pequenos agrupamentos.
A vitória da frente popular deu confiança aos trabalhadores, que confiantes com a vitória política obtida e convictos de que podiam ser ouvidos desencadeiam no final do mês de Maio um poderoso movimento grevista com ocupação das fábricas, que paralisa a França.
Na noite de 7 para 8 de Junho, no hotel Matignon em Paris é assinado o acordo que instituiu as férias remuneradas, reduziu, sem diminuição de salário, de 48 para 40 horas a semana de trabalho, os salários foram aumentados entre 7% e 15%, foram reconhecidas a liberdade de acção sindical e as convenções colectivas.
Na Bélgica a 2 de Junho de 1936 eclode um forte movimento grevista, a partir dos trabalhadores do porto de Antuérpia, e que se generaliza, a comissão sindical socialista e a Confederação dos sindicatos cristãos que dirigem o movimento redigem um programa reivindicativo semelhante ao francês. A 15 de Junho é constituído um novo governo que convoca uma Conferência Nacional de Trabalho para 17 de Junho na qual governo, patronato e sindicatos chegam a acordo. A 27 de Junho a Câmara de Representantes (parlamento) e a 3 de Julho o Senado votam por unanimidade uma lei que garante aos trabalhadores um aumento de salário, as 40 horas semanais e 6 dias de férias pagas.

A festa que constituíram as férias em 1936 e nos dois anos seguintes foi depois interrompida com a segunda guerra mundial e a terrível carnificina que esta gerou. Só depois da guerra e sobretudo a partir dos anos 50 as trabalhadoras e os trabalhadores passaram realmente a gozar as férias. Muito para além do descanso elas constituíram sobretudo uma profunda mudança cultural. Criaram-se novos hábitos, surgiu o turismo de massa, os novos tempos e espaços influíram no desenvolvimento cultural, recreativo e desportivo.

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