terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um país ocupado, de José Vitor Malheiros



 Este texto publicado hoje no Publico é bem a descrição do estado de espírito de um povo, o povo português. fica aqui a nossa homemagem a José Vitor Malheiros:

" è espantoso como, no espaço de poucos meses tanta coisa mudou. Não só nas nossas expectativas mas principalmente nas nosssas atitudes. apesar de algum debate nos media, de algumas declarações politicas mais fogosas, de alguma indignação mais localizada, de alguns dirigentes sindicais mais aguerridos, aceitamos como inevitável esta crise e parecemos resignados a sofrê la. Na esperança ténue, de que um dia passe. enchemos bem o peito de ar, fechamos a boca com força e aceitamos que duranye os próximos anos , nos devemos resumir a tentar manter o nariz de fora de agua, apenas o nariz, sem fazer ondas, sem fazer barulho, sem gritar, sem protestar, sem dar nas vistas, sem viver, ondulando ligeiramente os braços para nos mantermos à tona, sem olhar para o que está à nossa volta. a palavra de ordem é apenas respirar. respiar e esperar. até que passe. Ou até que nos habituemos. Respirar assim só é dificil nos pimeiros tempos. Depois habituamo nos , é uma questão de ritmo.
não é que não queiramos, não é que não gostemos, mas sabemos que fomos vencidos. Não sabemos quando, nem como, nem por quem, mas sabemos que fomos vencidos. è verdade que sonhámos que não iamos ser vencidos mas hoje é evidente que essse sonho não fazia sentido. a derrota era inevitavel. Toda a gente diz......
isto é uma ocupação. Portugal é um país ocupado´e não é o unico. A presença do ocupante sente se em cada rua, em cada esquina, em cada casa, em cada olhar. Os cartazes da propaganda do ocupante. o ocupante diz nos que estavamos enganados e que temos de pensar de uma outra forma. que agimos mal e que temos de pensar de uma outra forma. que estavamos enganados em pensar que tinhamos direitos e temos de abdicar deles porque esses direitos destroiem a economia. que estavamos enganados em pensar que os nossos filhos podiam viver numa sociedade de bem estar e que temos de os desenganar. Que estavamos enganados em pensar que as desigualdades se iriam reduzindo e e que a justiça social era o mais belo dos objectivos. Que estavamos enganádos em pensar que a solidariedade era fonte de progresso, quando só a competição entre as pessoas garante o progresso. Que estavamos engandos em defender soluções colectivas, quando a vitória é sempre individual. quando acreditámos que a saude podia ser para todos. Quando pensámos que a democracia se exprime pelo voto e no espaço publico quando na realidade o poder está no euro , no dolar e nas bolsas. Quando pebsámos que as pessoas são mais importantes que o dinheiro. Quando pensámos que havia sempre alternativas.
Isto não é uma crise porque nã estamos a corrigir nada do que nos trouxe até aqui. Isto não é uma crise porque não estamos a fazer um sacrificio em nome do futuro. Isto é algo que estamos a ser obrigados a reviver em nome do passado. Isto é apenas o regresso do passdao, vitória que julgavamos ter vencido mas que regressou da tumba. Esta é uma vingança do passado, por nos termos preocupado tanto com o presente que nos esquecemos do futuro. Isto é uma ocupação. Uma ocupação com mais colaboracionistas que resistentes, como todas as ocupações. colaboracionistas maravilhados com a pujança do ocupante, com a sua filosofia hegemonista, com a sua musculada e sadia visão do mundo, com um mundo de efeiciencia e sem parasitas. Sem sindicatos e sem esquerdistas. sem solidariedade e com total obediencia aos chefes e ao serviço dos mais ricos.
só que não é possivel viver assim. E apesar de tudo há alternativas. a alternativa é procurar sempre e
incansavelmente a alternativa, sem sacrificar nada do que nos é caro.

in Publico, 27 de Setembro 2011.

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