quarta-feira, 26 de outubro de 2011

União europeia diz que Portugal deve estar pronto para tomar medidas adicionais..

Cimeira (act.)

Portugal deve estar pronto para tomar medidas adicionais

Luís Rego em Bruxelas e Eudora Ribeiro
26/10/11 20:47

Os líderes europeus saúdam os esforços de Portugal, mas indicam que deve estar a postos para novas medidas que se revelem necessárias.
No projecto de conclusões da cimeira que decorreu hoje em Bruxelas, os líderes europeus indicam que "Portugal está a fazer bons progressos com o seu programa [de ajustamento] e também está determinado em continuar a aplicar medidas que reforcem a sustentabilidade das contas públicas e melhorem a competitividade".
No comunicado, os responsáveis europeus também elogiam os progressos feitos pela Irlanda na implementação do seu programa de ajustamento, que "está a ter resultados positivos".
Neste sentido, os líderes esperam que os dois países mantenham o caminho que já iniciaram mas também estejam também a postos para aplicar eventuais novas medidas, prometendo enviar mais dinheiro se Portugal cumprir o acordado.

"Convidamos os dois países a manterem os seus esforços para alcançar as metas acordadas e estarem preparados para tomar quaisquer medidas adicionais necessárias para atingir esses objectivos", indicam os líderes europeus, que reiteram a sua determinação para continuar a apoiar os países mais problemáticos até que recuperem o acesso aos mercados.



Depois de ler esta noticia lembrei me do poema de Mario de Sa Carneiro escrito há quase cem anos atrás. Estamos sempre quasi a chegar mas nunca lá chegamos pois a meta está a fugir da nossa frente....
Mário de Sá-Carneiro
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VIII - Quasi
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além
Para atingir, faltou-me um golpe de asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído
Num grande mar enganador d´espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor ! - quasi vivido ...


Quasi o amor, quase o triunfo e a chama,
Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ...
Mas na minh´alma tudo se derrama ...
Entanto nada foi só ilusão !

De tudo houve um começo ... e tudo errou ...
- Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou ...

Momentos de alma que desbaratei ...
Templos aonde nunca pus um altar ...
Rios que perdi sem os levar ao mar ...
Ânsias que foram mas que não fixei ...

Se me vagueio, encontro só indícios ...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios ...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí ...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi ...





Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe d´asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...

Paris 1913 - maio 13



Mário de Sá-Carneiro
Poemas Completos
Edição Fernando Cabral Martins
Assírio & Alvim
2001

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